Tendo em vista a importância de investir na primeira infância, como forma de promover o desenvolvimento humano integral, é essencial fortalecer e priorizar políticas, projetos e ações integradas com foco nos primeiros anos de vida , desde uma gestação até os seis anos de idade. Isso significa que é papel de todos, acompanhar ou que vem sendo realizado e apontar ou que ainda deve ser feito para garantir os direitos das crianças como prioridade absoluta.


Marcos legais nacionais e municipais

O Plano Nacional pela Primeira Infância , aprovado em 2010 e com marco final em 2022, é uma referência importante para a construção de ações e agendas locais, atribuindo ao governo e à sociedade um papel e um compromisso com esse público . Em 2016 foi aprovado , no âmbito federal, o Marco Legal da Primeira Infância (Lei 13.257 de 2016), que recomenda aos municípios a elaboração de Planos Municipais pela Primeira Infância, como instrumento que articula diferentes massas de gestão pública local, em metas de metas e ações que priorizam e garantem os direitos das crianças.

Em São Paulo, a Lei nº 16.710 de 2017 estabeleceu critérios para a aplicação de políticas para a primeira infância e tratamento da construção do Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI), vigente entre 2018 e 2030. Buscando garantir o desenvolvimento integral dessa população, especialmente em territórios mais vulneráveis, esse instrumento intersetorial, político e técnico, tem duas funções principais: orientação do setor público, privado e sociedade em geral; e suporte ou acompanhamento e controle de ações nesse campo, que inclui uma Comissão de Avaliação. O PMPI de São Paulo contém 4 eixos estratégicos que descrevem 31 metas e 135 estratégias de ação, que relatam ou o público público realizado para alcançar uma meta esperada.

Além disso, o município de São Paulo dispõe do Programa de Metas do Poder Executivo, instrumento obrigatório que define quais devem ser as restrições de gerenciamento em seus quatro anos de mandato, confirme o orçamento atribuído. O Programa de Metas vigente até 2020 (publicado em 2019) apresenta 36 objetivos estratégicos e 71 metas, das quais 6 dialogam com a primeira infância, direta ou indiretamente.


Monitoramento de objetivos, metas e ações pela primeira infância

O Observatório da Primeira Infância disponibiliza atualmente dados e informações do município de São Paulo e pode ser um aliado no acompanhamento desses marcos legais. Por isso, levando em conta o Plano Municipal pela Primeira Infância (2018-2030) e o Programa de Metas 2019-2020, relacionamos como metas passíveis de monitoramento pelo meio de indicadores oficiais, considerando os disponíveis na plataforma.


Plano Municipal pela Primeira Infância de São Paulo

EIXO ESTRATÉGICO 1 - Garantir as condições para a articulação intersetorial dos programas, projetos e ações para o atendimento integral na primeira infância

DAS 5 METAS

E 20 ESTRATÉGIAS

O OPI TEM 0 INDICADORES PARA MONITORAMENTO

Metas e estratégias não monitoráveis por indicadores sociais



Eixo estratégico 2 - Garantir a todas as crianças na primeira infância educação, cuidados e estímulos que contribuam para seu desenvolvimento integral

DAS 7 METAS

E 35 ESTRATÉGIAS

O OPI TEM 22 INDICADORES PARA MONITORAMENTO

1. Garantir atendimento a todas as crianças de 0 a 3 anos

1.1 Assegurar, até 2025, atendimento na Educação Infantil para 75% das crianças de 0 a 3 anos ou 100% da demanda registrada, o que for maior.

> População de até 3 anos atendida em creches

> Demanda de vagas atendidas em creches

1.2 Garantir condições de mobilidade segura e acessível para que as crianças possam acessar os equipamentos públicos.

> Transporte escolar público

2. Garantir atendimento integral a todas as crianças de 4 e 5 anos

2.1. Garantir a manutenção da universalização do atendimento na educação infantil às crianças de 4 e 5 anos de idade.

> População de 4 a 5 anos atendidas em pré-escola

2.3 Mapear e requalificar os espaços públicos disponíveis para assegurar o atendimento em tempo integral, garantindo a acessibilidade.

>Matrículas em educação em tempo integral – creche

>Matrículas em educação especial - creche

>Educação especial - pré-escola

3. Melhorar a qualidade da educação infantil

3.2 Garantir que todas as unidades de educação infantil disponham de espaços pedagógicos adequados e acessíveis, internos e externos, que propiciem o livre brincar.

> Área Externa em Pré-escolas

3.3 Assegurar (até 2025) uma relação educando por docente no sistema municipal de ensino que fortaleça a qualidade social da educação e as condições de trabalho dos profissionais da educação, na seguinte proporção:
Berçário I: 7 crianças / 1 educador;
Berçário II: 9 crianças / 1 educador;
Mini – Grupo I: 12 crianças / 1 educador;
Mini – Grupo II: 25 crianças / 1 educador;
Infantil I: 25 crianças / 1 educador; e
Infantil II: 25 crianças / 1 educador.

> Média de Alunos por Turma: Pré-escola

> Média de Alunos por Turma: Creche

3.5 Ampliar na rede municipal de ensino as equipes de profissionais de educação para atender à demanda do processo de escolarização de educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, garantindo a oferta de professoras(es) do atendimento educacional especializado, profissionais de apoio ou auxiliares.

> Docentes da Educação Infantil com Formação em Educação Especial

4. Ampliar o envolvimento das famílias e da sociedade na valorização dos cuidados e vínculos na primeira infância

4.1 Implementar programas de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no desenvolvimento integral das crianças na primeira infância.

> Proteção e Atendimento Integral a Família - PAIF

> Serviço especializado de acolhimento provisório de grupos familiares em situação de rua e na rua

> Unidades básicas de saúde com serviços de planejamento familiar

5. Tornar o ambiente da cidade mais acolhedor para as crianças de 0 a 6 anos

5.1 Adequar as calçadas e o transporte público para garantir mobilidade segura e acessível para as crianças na primeira infância e seus cuidadores.

> Acidentes de trânsito envolvendo crianças

> Frota de ônibus com acessibilidade para pessoas com deficiência

> Ciclovias exclusivas

5.2 Estimular a criação e revitalização de espaços urbanos, ociosos ou não, tornando-os áreas verdes ou praças com espaços de brincar acessíveis, por meio de parcerias entre o poder público e a iniciativa privada ou sociedade civil, prevendo mecanismos que garantam sua preservação, a fim de promover a integração família/criança/natureza.

> Abrangência de áreas verdes no município

> Abrangência de áreas verdes por habitante

5.3 Ampliar a oferta de espaços lúdicos e acessíveis, em equipamentos públicos e privados, considerando as especificidades da primeira infância, o princípio do livre brincar e a convivência intergeracional.

> Centros Culturais, Casas de Cultura, Teatros, Museus e Bibliotecas Municipais

6. Ampliar a participação de gestantes, crianças de 0 a 6 anos e suas famílias/cuidadores em atividades voltadas
à primeira infância, que estimulem e favoreçam o desenvolvimento humano

6.3 Ampliar a oferta de atividades para a primeira infância nos centros culturais, cinemas, teatros, museus, bibliotecas e parques municipais, garantindo acessibilidade.

>Programação de contação de histórias e ações para mediação de leitura

6.4 Ampliar a oferta de atividades físicas e modalidades esportivas nos equipamentos públicos para crianças na primeira infância com e sem deficiência.

>Atividades recreativas e esportivas em espaço público

Eixo estratégico 3 - Garantir a proteção e dar condições para o exercício dos direitos e da cidadania na primeira infância

DAS 9 METAS

E 24 ESTRATÉGIAS

O OPI TEM 11 INDICADORES PARA MONITORAMENTO

1. Garantir o acesso aos serviços públicos dispostos neste plano a todas as crianças em situação de vulnerabilidade

1.2 Criar e implementar protocolos territoriais de atuação em rede, que envolvam a comunidade, para a realização da busca ativa de gestantes e crianças que não acessam os serviços públicos.

> Pré-natal insuficiente

1.4 Garantir o acesso aos serviços da rede pública a todas as crianças independentemente de apresentarem registro civil, com atenção especial para imigrantes, refugiados, comunidades e povos tradicionais, crianças em situação de rua e crianças com deficiência.

> Crianças em Centros de Referência Especializados para população em situação de rua

Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Infantil

2. Garantir o acolhimento conjunto qualificado a todas as mulheres gestantes ou com filhos(as) na primeira infância em situação de rua ou vítimas de violência doméstica

2.1 Ampliar o serviço de acolhimento conjunto qualificado.

> Centro de Acolhida Especial para Gestantes, Mães e Bebês

3. Garantir acesso aos serviços de acolhimento familiar para 100% das crianças de 0 a 6 anos, que tenham perfil para esse serviço

3.1 Ampliar serviços de acolhimento familiar.

> Serviço Especializado de Acolhimento Provisório de Grupos Familiares em Situação de Rua e na Rua

4. Promover uma cultura de paz e não violência contra a criança

4.2 Garantir o encaminhamento de todas as denúncias de violência contra a criança recebidas.

> Agressão física

> Crianças desaparecidas

> Homicídio doloso da população de até 4 anos de idade

> Negligência e abandono

> Violência sexual

6. Garantir que todas as crianças tenham registro civil

6.1 Garantir que todas as maternidades ofertem o registro de nascimento.

> Registro civil

  

EIXO ESTRATÉGICO 4 - Garantir o direito à vida, à saúde e à boa nutrição a gestantes e crianças na primeira infância

DAS 10 METAS

E 53 ESTRATÉGIAS

O OPI TEM 18 INDICADORES PARA MONITORAMENTO

1. Alcançar 95% de cobertura vacinal para crianças de até 5 anos

1.3 Intensificar a cobertura nos bolsões de baixa cobertura vacinal

> Cobertura de Vacinas para Primeira Infância

2. Reduzir a desnutrição de gestantes e crianças de 0 a 6 anos e a obesidade na primeira infância

2.5 Garantir alimentação saudável em creche, pré-escola e outros equipamentos públicos que atendem crianças na primeira infância e ampliar o acesso à alimentação saudável para crianças em situação de vulnerabilidade.

> Alimentação Escolar Proveniente de Agricultura Familiar

2.10 Monitorar o estado nutricional da população atendida na atenção básica, visando a vigilância alimentar e nutricional por meio de marcadores antropométricos e de consumo alimentar para identificação das vulnerabilidades: abrangência de 80% de crianças de 0 a 7 anos para marcadores antropométricos e 85% para informação de aleitamento materno em crianças de 0 a 2 anos, dessa população.

> Obesidade Infantil

> Excesso de Peso para Idade (IMC)

> Desnutrição Infantil Global

> Desnutrição Infantil Crônica

> Desnutrição Infantil Aguda

3. Reduzir o coeficiente de mortalidade infantil16 para menos de 10/1000 nascidos vivos e da taxa de mortalidade materna para menos de 40/100.000

3.4 Realizar sete ou mais consultas de pré-natal para 90% das gestantes.

> Pré-natal Insuficiente

4. Reduzir para menos de 10% o percentual de nascidos vivos de mães adolescentes

4.3 Discutir e articular as estratégias de intervenção de forma integrada promovendo as "habilidades para a vida" na rede de proteção do território com base em diagnóstico situacional de atenção ao adolescente.

> Gravidez na adolescência

5. Aumentar a prevalência de partos humanizados

5.2 Aumentar a proporção de partos normais para 65% dos partos na cidade.

> Partos Cesáreos

6. Garantir o aceso a serviços de saúde de qualidade a
gestantes e crianças de 0 a 6 anos

6.1 Otimizar as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) dos territórios para o cuidado em saúde conforme o perfil de cada população.

> Abrangência das unidades básicas de saúde

> Cobertura de pediatras

> Unidades básicas de saúde com atendimento pediátrico


> Unidades básicas de saúde com atendimento dentário


> Unidades básicas de saúde com atendimento oftalmológico

7. Reduzir os casos de sífilis congênita para 0,5 casos por mil nascidos vivos

7.2 Garantir tratamento adequado e intensificar a vigilância das gestantes com sífilis durante o pré-natal.

> Sífilis Congênita

8. Detectar precocemente o sofrimento mental de gestantes, puérperas e crianças até 6 anos e realizar as intervenções necessárias

8.3 Realizar vigilância das gestantes, puérperas e crianças com sofrimento mental por meio de visitas domiciliares e consultas mais frequentes.

> Transtornos mentais em crianças com idade inferior a 4 anos

10. Reduzir em 25% o coeficiente de mortalidade por acidente até 5 anos de idade

10.2 Oferecer formação em prevenção de acidentes para as mães durante a gestação e profissionais que atendem às crianças.

> Mortalidade infantil e fetal por causas evitáveis


Programa de Metas de São Paulo 2019-2010

Meta

Indicador

Meta 5 - Diminuir os índices de mortalidade infantil em 5% (0,6 óbitos em 1.000 residentes) na cidade de São Paulo, priorizando regiões com maiores taxas

Mortalidade infantil

Mortalidade infantil (até 5 anos)

Mortalidade infantil e fetal por causas evitáveis

Mortalidade neonatal (até 27 dias)

Mortalidade neonatal precoce

Tardia neonatal de mortalidade (7-27 dias)

Meta 11 - Ampliar em 20% os taxa de atividade física na cidade de São Paulo

Equipamentos esportivos

Ruas de lazer

Meta 12 - Expandir em 30% (85,5 mil) como matrizes em creche na Rede Municipal de Ensino

Cobertura de creches públicas e conveniadas

Demanda de vagas atendidas - creches

Matrículas em creches

Matrículas em educação em tempo integral - creche

Matrículas em educação em tempo parcial - creche

Matrículas em educação especial - creche

Meta 23 - Plantar 200 mil árvores no município, com prioridade de 10 prefeituras regionais com menor cobertura vegetal

Abrangência de áreas verdes no município

Abrangência de áreas verdes por habitante

Meta 25 - Reduzir o índice de mortes sem trânsito igual ou inferior a 6 a cada 100 mil habitantes até 2020

Mortes por acidente de trânsito

Mortes por atropelamento na faixa etária de 0 a 4 anos

Acidentes de trânsito envolvendo crianças

Meta 26 - Aumenta em 10% a participação dos modos de deslocamento (bicicleta, pé e outros modos ativos), até 2020

Ciclovias exclusivas

Internação por doenças respiratórias

Concentração de monóxido de carbono (CO)

Concentração de estabilidade inalável (MP10)



Monitoramento além dos indicadores

Além desse monitoramento por meio de dados quantitativos, também é possível executar abordagens de caráter qualitativo para observar as percepções da população ou as condições de vida relacionadas em variáveis ​​menores.

Acreditamos que as crianças podem monitorar a cidade que oferece ou deixa oferecer para elas. Por isso, aqui no Observatório é possível conhecer a metodologia Olhar das Crianças e o acervo de imagens das oficinas realizadas por toda a cidade. São as pequenas e pequenas que observam e registram fotografias ou que gostam ou não na cidade. Por meio dessas imagens, é possível gerar debates sobre o que foi notado, ou o que pode refletir e, se possível, transformar esse material em material acessível para uma sociedade civil e público público que tenha conhecimento da agenda usada pelas crianças.

 

Importância de monitorar políticas públicas

O monitoramento do desenvolvimento de políticas e metas é uma estratégia aplicada no mundo para participação social, também conhecida como controle social (planejar, implantar e avaliar programas e políticas públicas por meio da relação entre sociedade e Estado).

Entretanto, os movimentos sociais alertam para a importância de garantir espaços de participação da população desde o desenho do Plano, sem acompanhamento e implementação de políticas. Tendo em vista o monitoramento do Plano Municipal de Primeira Infância, o GT Criança e Adolescente da Rede Nossa São Paulo, elaborou um manifesto público sem ressalvas, como dificuldades de participação quando não há canais de disponibilidade disponíveis.



Convide todas e todos para acompanhar como políticas e programas voltados para a primeira infância estão sendo feitas em seu município.